Em Curitiba, Coin leva alma, técnica e sabores da Amazônia à mesa
Ingredientes brasileiros, como o pirarucu amazônico, são a base da cozinha do chef Ivan Lopes
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Fachada do Coin, que significa "esquina", em francês • Michelle Lara
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Salão interno do Coin • Caroline Grimm
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Grande estrela do cardápio, o pirarucu é servido com uma mousseline de inhame, farofa de castanhas e pistache, e feijão manteiguinha • Michelle Lara
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Crumble de Milho, creme de milho, pipoca e doce de leite, é uma irresistível sobremesa do Coin • Caroline Grimm
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Cocada, baba de moça e sorbet de frutas vermelhas, outra das sobremesas imperdíveis do Coin • Caroline Grimm
Numa bela esquina do Alto da Glória, com um pé direito alto e uma varanda convidativa nos dias ensolarados, o restaurante Coin vem se consolidando como uma referência em gastronomia brasileira contemporânea na capital paranaense.
Comandado pelo pernambucano Ivan Lopes, o espaço é fruto de uma trajetória marcada por reinvenção, respeito ao alimento e uma devoção aos ingredientes nacionais — especialmente os vindos das águas doces da Amazônia.
Ivan, de 43 anos, nascido em João Alfredo, em Pernambuco, fincou raízes em Curitiba há mais de duas décadas. Seu contato com a cozinha, no entanto, começou de forma quase acidental: ando por uma época difícil em São Paulo, seu irmão, o também renomado chef Ivo Lopes, o chamou para ajudá-lo em seu restaurante. Começou lavando louça, mas em pouco tempo se viu completamente envolvido com a operação.
“Eu nunca planejei ser chef”, relembra Ivan. “Mas, assim que entrei na cozinha, vi que era um lugar onde me sentia vivo, criativo, útil.” Ali foi o seu primeiro contato com ingredientes frescos e de qualidade, como peixes e frutos do mar, que hoje são a sua especialidade.
Apesar da origem nordestina e da vivência urbana, foi nas montanhas de Visconde de Mauá, no interior do Rio de Janeiro, onde consolidou sua paixão pela gastronomia ao lado do chef italiano Júlio Buschinelli. Foi com ele, inclusive, com quem aprofundou o conhecimento sobre ingredientes, técnicas e respeito ao alimento nos quatro anos em que trabalharam juntos.
Apesar de ter feito alguns cursos de gestão, operação de cozinha e controle de insumos, sua formação na gastronomia foi marcada pela prática e pelo aprendizado diretamente com grandes chefs. Em Curitiba, comandou a cozinha de diversos restaurantes, até que, em meio à pandemia, decidiu dar vida a um sonho: o Coin.
O restaurante
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Varal de Frios, uma das opções de entradas para compartilhar do Coin • Michelle Lara
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Paella, que é servida aos sábados • Michelle Lara
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Lombo de cordeiro grelhado com lentilha du Puy, mini-legumes e demi-glace • Caroline Grimm
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Criado no final de 2020, o restaurante nasceu inicialmente com uma proposta voltada para o delivery e take away. “Queríamos oferecer acolhimento mesmo à distância”, conta o chef. O projeto evoluiu, ganhou espaço físico e, em maio de 2025, o Coin comemora quatro anos de existência.
Valorizando a sustentabilidade, o aproveitamento e o respeito integral aos alimentos, o endereço tem um cardápio enxuto, sazonal e com forte protagonismo de ingredientes brasileiros, como peixes nativos, carnes brasileiras, ervas da nossa terra e frutas tropicais.
Os insumos podem ser vistos em pratos como o delicioso Toast de Lula grelhada com vinagrete de maçã, aioli verde e focaccia (R$ 55), e o Lombo de cordeiro grelhado com lentilha du Puy, minilegumes e demiglace (R$ 145). O grande astro, no entanto, é o pirarucu, o “gigante da Amazônia”.
Ivan faz questão de acompanhar todo o processo — da pesca ao prato, para garantir que nada seja desperdiçado. O pirarucu aparece em diferentes formas no menu do Coin, sempre trabalhado com respeito, técnica e uma sensibilidade que transforma o prato em manifesto. Não à toa, o chef tem um pirarucu tatuado no corpo.
Menus do Coin
Além do menu fixo à la carte do jantar, o Coin apresenta programação específica para a semana toda. O menu executivo é servido no almoço de segunda a sexta (exceto terça, quando a casa está fechada), pelo valor de R$ 84,90. Muda semanalmente, trazendo sempre novidades sazonais.
No jantar de segunda-feira é oferecido também o Menu Confiança (R$ 195 para cinco etapas), em que o cliente entrega a experiência totalmente às mãos do chef. Com um belo custo-benefício, o formato permite que Ivan experimente novas ideias com liberdade.
A inspiração vem das minhas viagens, da troca com a equipe, das feiras, das conversas. Errar e acertar fazem parte do processo
Ivan Lopes, chef do Coin
Ingredientes como mandioca, castanhas, frutas tropicais e ervas nativas também têm presença marcante, compondo pratos que resgatam os sabores do Brasil.
Nas noites de sexta-feira acontece o Festival de Ostras Frescas (dúzia a partir de R$ 62), e aos sábados é servida a Paella (valenciana e mediterrânea por R$ 98,90 e vegetariana por R$ 59,90). Aos domingos, o destaque é o Bife Wellington (R$ 135) e o Mini Acarajé (R$ 39,90 / três unidades).

Além disso, há edições especiais como a Tarde Ibérica, Surf e Turf na Brasa e Dois Chefs — Um Menu, divulgados sempre no Instagram do restaurante.
Ivan e sua equipe trabalham na expansão da marca, com planos para abrir um novo restaurante em breve — e outros dois ou três nos próximos anos. A essência, porém, seguirá a mesma: respeito ao ingrediente, brasilidade e criatividade.
“Quero continuar crescendo, levando adiante essa força que é a nossa cozinha. E quero ajudar a impulsionar a gastronomia curitibana, que me acolheu de braços abertos”, afirma.
*Os textos publicados pelos Insiders não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.
Sobre Caroline Grimm

Curitibana, médica de formação e gastrônoma de coração, Caroline Grimm também é criadora de conteúdo e acumula milhares de seguidores nas redes sociais. Como ela mesma descreve, vive para cozinhar, comer, beber e viajar – não necessariamente nesta ordem, mas sempre em busca das melhores experiências.
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