A falta de tradição em valorizar coquetéis à base de cachaça no Brasil pode ser atribuída a vários fatores. Historicamente, a cachaça tem sido vista como um destilado menos prestigiado em comparação a outros, como o uísque, gim, vodka e rum, e isso dificilmente irá mudar, mas acredito que podemos melhorar consideravelmente esse cenário.

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A indústria, ao focar predominantemente na valorização de destilados internacionais, pode inadvertidamente prejudicar a valorização da cachaça, uma bebida genuinamente brasileira. Esse fenômeno ocorre por várias razões que se entrelaçam, afetando a percepção pública e a valorização do produto local. Elenquei alguns tópicos para reflexão:

Não acredito que a indústria seja a grande vilã desta história, muito pelo contrário, creio que ela é o veículo mais eficaz na mudança comportamental de consumo, e muitas delas têm cachaça em seu portfólio de produtos.

A cachaça já é o destilado mais consumido no Brasil, seguida pela vodka. Portanto, o que proponho aqui não é um incentivo ao consumo, mas sim um posicionamento e valorização de uma identidade nacional etílica.

Hoje vemos a tequila marcando território no cenário global de forma muito agressiva, com direito a propaganda até mesmo no famoso tapete vermelho do Oscar, e vejo isso com bons olhos porque esse movimento pode abrir caminho para o destilado nacional. No entanto, para que a cachaça tenha chance de ter essa notoriedade, é preciso um trabalho de base e de longo prazo, onde é fundamental uma conscientização da comunidade de bartenders e dos bares para valorizarem um pouco mais a bebida em suas cartas.

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