Durante cerca de 2h30, caminhos tortuosos, ladeiras, mata e, de quebra, vistas de tirar o fôlego do horizonte da divisa entre Minas Gerais e São Paulo, a mais de 1.200 metros de altitude, acompanham o trajeto dos turistas.
Entre um terreno e outro, a parada nos vinhedos contempla uma taça de vinho, que refresca o paladar e ajuda a entender porque o local é especial.
Cavalos da raça Mangalarga, original do Brasil, foram os escolhidos para serem os anfitriões nessa experiência. Lady, Nuvem, Efigênia, Duquesa e Indiana, para citar alguns dos animais, levam os visitantes por áreas inéditas da vinícola - que não fazem parte do tour dos clientes regulares do local.
Voltada para pequenos grupos de até oito pessoas, a nova experiência, que começa a entrar em prática ainda em outubro, inicia com um café no charmoso receptivo. Mesas de madeira espalhadas por um bem cuidado gramado ficam em frente a uma casa bucólica de tons terrosos onde, dentro do wine bar, ocorre a recepção tipicamente local. Pão de queijo, bolo fofinho, suco de laranja e café especial da própria fazenda forram o estômago.
Dali, o grupo encontra os cavalos, onde o primeiro contato é fundamental para criar uma relação de amizade com os bichos. Não há necessidade de ter experiência prévia para a cavalgada - a dica é optar por roupas leves, botas, boné ou chapéu e filtro solar.
Mansos, eles são parte do Rancho da Bela Vista (RBV), onde o proprietário Luís Opice, ex-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, cria os equinos há mais de 20 anos. Segundo o próprio, cavalos da raça podem custar de R$5 mil a R$2 milhões - os mais caros são voltados às competições e também são valorizados por sua genética.
Acompanhados por profissionais da Guaspari e do Rancho o tempo todo, o tour começa por áreas inéditas da grande propriedade, que conta com duas fazendas que somam mil hectares - as plantações de uva ocupam 50 hectares do total.
Entre a cavalgada no pasto, em trilhas, barrancos e descidas, o eio ocorre também em dois vinhedos não abertos normalmente ao público, o Vista da Vinícola e o Vista da Araucária - este último rodeado de araucárias e com vista para as casinhas de Espírito Santo do Pinhal.
Durante o percurso, explicações sobre o manejo das uvas e sobre a tecnologia da dupla poda - ou o que mais chamar atenção no caminho - são feitas pelos profissionais.
Após paradas e eio por grande parte da área verde, os visitantes chegam à indústria, logo na entrada da vinícola, onde, enfim, é possível conhecer a produção da Guaspari. a-se por grandes tonéis, aprende-se sobre a vinificação em ovos de inox e chega-se ao grande salão onde as bebidas são maturadas em barricas de carvalho francês.
Para encerrar, a experiência é brindada com a degustação de três rótulos da marca, todos da linha Vista, junto de comidinhas. Começa-se com o Viognier, do vinhedo Vista do Bosque, um "vinho branco com alma de tinto", como os funcionários brincam.
Ele é maturado por onze meses e possui toques de pêssego, damasco, abacaxi e ainda mel e baunilha. Elegante e marcante ao mesmo tempo, ele tem 14% de graduação alcoólica - é quase inevitável tomar mais de uma taça em dias quentes.
Do Viognier a-se para outro branco, o Chardonnay Vista do Lago, mais ameno que o primeiro, mas igualmente refrescante. Por último, um tinto, o Syrah Vista da Serra, cuja safra 2017 foi capa da conceituada revista especializada Decanter - foi o único vinho brasileiro a ser capa da revista desde 1975. A uva Syrah, inclusive, é uma das estrelas da casa e se adaptou muito bem na produção vinífera na Serra da Mantiqueira.
Novidade por aqui, a cavalgada e a degustação de vinhos, duas coisas que, surpreendentemente, casam muito bem, é possível pelo tamanho e pela diversidade que a Guaspari - e as terras da Serra - possui. Luís Opice, do Rancho da Bela Vista, destaca que eios como esse na França, um dos maiores produtores de vinhos do mundo, são mais raros devido ao pequeno tamanho das propriedades.
Além disso, no percurso junto dos cavalos, pode-se notar a variedade que brota da Mantiqueira: junto dos vinhedos, é possível apreciar pés de café, algumas oliveiras aqui e ali e também bezerros se alimentando no pasto, uma síntese da produção da região.
Guaspari a Cavalo
Vinícola Guaspari: Rua Pedro Ferrari 300 – Parque do Lago – Espírito Santo do
Pinhal – SP
Duração: 2h30
Quando: às quintas-feiras, em dois turnos (manhã e tarde)
Reservas: [email protected] ou pelo telefone: (19) 3661-9190
Valor: R$690 por pessoa para grupos de cinco a oito pessoas. Valor sob
consulta para grupos menores.